19 de jan. de 2015

Prólogo a Deus 


Precisava de alguém. Digo e repito em voz alta. E não, não acho que essa seja uma forma boa de se iniciar um texto que busca a calma interior. Socorro. 

Achei que quando o tempo se tornasse escasso a ponto de não ter hora para nenhum encaixe ou jeitinho brasileiro de se deleitar, essa coisa toda de crise existencial ia acabar.
É que aquela grama, Deus. Juro meu Deus. Não a olho por mal, mas ela parece tão mais resolvida. Tão bem com si. Como meu vizinho ama tanto a grama, para que aos meus olhos ela pareça tão verde? 

"Existem Marinas, Claras e Julianas, mas eu, eu me existo". Exclamo tal frase, com a voz mais auto-confiante que consigo, na minha encenação barata. Eu sou mais eu, o quê? Eu mais um eu, igual a amor próprio? Todos sabem que não sou de matemática e suas tecnologias. Sou de humanas. Sou humana. Da cabeça aos pés.
Não me acho bonita, Pai. Sei que isso não agrada ao Teu ouvido. 
Amar ao próximo, eu consigo. Faço hora extra. Posso ver no olhar, tentar descobrir como a pessoa é analisando-a, encantando-me diante de suas atitudes.
Mas e o "a ti mesmo"? 

No momento em que vos digo, gostaria de estar abraçada a Ti. Pois sei que ao teu colo, não existe pezinhos tão delicados que caibam sapatos de cristal, pele branca como a neve, cabelo comprido ou voz de sereia. Ao teu colo existe a mim, chorosa, coração quebrantado, tentando encontrar em cada detalhe dado por Ti, motivo para a vida. 

A Ti quem eu sou? O que queres de mim? Sabes que vou te magoar, não sabes? Eu sou tanto assim? Ao meu ver, não tanto. Ao teu ver a vida de Teu filho. O ser mais perfeito que já pisou nesta terra.

Se amo a Ti, Jesus, devo amar a mim.